segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Um Coito Psíquico

A perda da liberdade pelo ganho da sobrevivência.


Meu mundo parco e pobre lamenta a ausência de um não sei o que, que se perdeu entre um dia de sol e uma clausura moderna; máquinas a trabalhar a todo o momento erguem paredes dentro e fora de mim, não posso ver a nudez estampada nos olhos, não posso alimentar-me de sonhos perdidos nas brumas; mas brumas não há mais, são somente fumaças que encobrem o horizonte de expectativas.


Fumaças que não me deixam inspirar, não me inspiram, respiro, respira, apenas no limite da sobrevivência, da subserviência de um poder onipresente que me enxerga por onde quer que eu vá, então cubro meus pensamentos de máscaras das mais variadas.


Engano a consciência desesperada e ansiada por mais, algo mais, cubro a necessidade com o produto comprado no impulso de obter aquilo que ali não está. É a força do domínio que já apoderou meu sangue doente e frágil.Consumo, como e abraço os dejetos de um desespero, por não saber o que buscar, por ter perdido o movimento de propulsão; o impulso se transformara na força motriz que gera a radioatividade devoradora de meus pensamentos.


Excesso de vida engarrafado e vendido a preços de mercado.


Não pode comprar? Tudo bem; deseje e aumente o valor da droga ou compre, a longos prazos, sabores variados de desvios conscientes.


Autoflagelo, síndrome da coita, o pobre e desamparado ser humano despido e triste, não se move, dói-se então por ele, simples e humilde.


Ora, se não se move desistiu? Se não concorda nem aceita, acaso muda?


Ah, não se preocupe, não desista, há sempre a janela da esperança de onde se possa saltar, e, ao saltar, é possível descer vendo todas as outras janelas de vidas até então desconhecidas, verá por um curto espaço de tempo, não, não havia tempo, foi por isso que não as conheceu. Não é verdade; na verdade agora é que não há...



Um comentário:

  1. O que eu falei com a Samantha, temos diferentes tipos de liberdade, mas nenhuma "A Liberdade". São cópias das cópias, trivialíssimas.

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