segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Quase um beijo

...e renderia-me
a tudo novamente
bares,
conversas boas,
conversas tolas,
risos e silêncios
só para sentir que
no fundo de teus olhos
eu me completo.
Prefiro que não veja
para que não fuja,
prefiro que não ouça
para que não tema
e assim
diria eu adeus
por cem mil vezes
partindo
em pedaços
num até logo
alado
e ter mil
quase beijos
que dessem-me
n'alma
suspiros tão completos

RJAD 24/01/10




quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Desertos Urbanos


Não há mais o mar
em nossas gargantas
esmaeceu o som
alma da canção
simbiose do sim;
Deserto em mim
em nós
nem pedras porosas
nem poderosas rochas
Grãos
finos, pequenos
irrelevantes
grãos de areia
espalhados
no espaço
estéril
seco e surdo
silente
Sussurro temente
morto se faz
traçando em torrente
som oco que apraz
Um gemido
atrás da porta
um grito
um sopro
sibilo
mudo
jaz

na multidão.


RJAD



O boulevard de Montmartre de Paris, Camille Pissarro

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Se eu fosse menos sensível não seria mais poeta e sim uma outra coisa qualquer.

10/01/10

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Casulo


É tempo de recolher-me
Os ventos estão mudando
e minha casca já não me cabe.
Estou em ebulição.
É tempo de reflexão.

Meu inverno sopra novas folhas
os perfumes,com elas, se vão.

Meu sagrado é
um escuro e chuvoso
talvez dia, mas
quem sabe noite.

Silenciando as vozes
sou óvulo novamente
retorno à minha cela,
minha célula
que em resposta
transforma-me
...
Tenho cores agora,
posso sair em busca
dum brilho qualquer,
um brilho vão,
um sonho d'ouro
de um tolo.

No vôo intermitente
de asas que batem
costurando linhas confusas,
traço um enigma,
meu paradigma,
sabor de quem borda.

Risco pontos
entre um jardim e outro;
nos tecidos vivos
palavras desfalecidas
vegetam e esperam,
e esperam, e esperam,
beber das minas,
águas de prata,
fonte in finita.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Começo de Ano

Desenho uma música
Pinto uma poesia
Canto um quadro
Crio sinestesia

Do que nos opõe
Deixe-se aceitar
Do que nos atrai
Deixe-se elevar
E enlevar
ao infinito

Dos dias findos
Em preto e branco
dum ano morto
Faça dormirem
num passado opaco

Novas manhãs
Só nascem em cores
Quando tiverem
dos teus olhos
o brilho
dum sim.

RJAD 01/01/10