quarta-feira, 21 de outubro de 2009

De repente. É assim, quando à margem na espera a alma cansada não deseja mais ser "cautivo de tu corazon", e então, muda o curso do rio e cria uma Terceira Margem, inerte de tudo que foi. Mas é assim, de repente, como o Poeta tanto dizia. Na verdade, não gosto do nome que ele dera ao poema, preferia o antigo que era O Poeta Diz Adeus à Amiga, acho mais sincero e mais tocante também. Talvez hoje seria A Poeta Diz Adeus ao Amigo, mas ela não sabe dizer adeus, ela espera e diz quem sabe um até logo, até um dia, até a próxima vez.
Para não furtar-me de não expor, segue O Poeta Diz Adeus à Amiga, de Vinícius de Moraes

De repente do riso fez-se o pranto

Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto


De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama


De repente não mais que de repente
Fez-se de triste o que se fez amante
E de sozinho o que se fez contente

Fez-se do amigo próximo, distante
Fez-se da vida uma aventura errante
De repente, não mais que de repente

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