No que vislumbrava
um futuro ofuscado
deixei a mim violar
a verdade de vidas
diárias e vozes
vorazes
e minhas antigas
luvas rendadas
enredavam-se
agarravam-se a sua
fuga fragmentada.
Ah verdade vacilante!
que a mim fez violentada
e mesmo a mancha
em minha veste imaculada
pousou no símbolo
de meu mundo
que era nada.
A sólida imagem areada
Traz o senhor dos sonhos
Nessa minha madrugada
A vestal veste-se de vinho
nas veias bacantes
num beijo em brasas,
mostrando não de anjos,
mas de corvos
suas asas.
RJAD 15/12/10
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
sexta-feira, 18 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Guinevere
Agora ela não era mais escrava. Quando as algemas foram tiradas, saiu em disparada sem olhar para trás. Correu. Desvairada e sorridente. Ria um riso alto solto que subia aos céus.
Então, também podia sonhar, tudo aquilo que guardava tão sofregamente no coração.
Gargalhava ensandecida; deixava a torre que a prendia e seguia pela trilha de terra dura e úmida por entre o mato - aquela relva fresca ainda tão verde – e nem sabia para onde o caminho a levaria.
Ao longe.
Tudo podia ser. Quase não restavam mais amarras, que a continham em pulso firme. Ria-se de tudo, da própria Fortuna de outrora, dos olhos sisudos que a controlavam; ria também do medo que tinha do juiz de suas ditas, aquele feroz que a vigiava incessante até quando dormia ou sonhava, acordada, as paixões de uma vida.
Ria largamente da existência que deixava. De conta certa, deu as costas ao passado e sorria convidativa para o novo, esse estranho.
Estranho.
Caminhou mais calmamente numa alegria amena ao pensar nesse desconhecido que acabara de chegar, esse novo algo, quem sabe o que. E continha as linhas da face e a fenda nos lábios. Num som quase mudo, sorria em campo aberto.
E tremeu diante do rio a sua frente e riu um riso nervoso de um mundo novo.
Dilema.
Já não fechava mais os olhos e, estática, amedrontava-se a obsessiva donzela. Tudo diferente, incerto, não-sabido, não-permitido. Vida aberta, mata adentro, rio afora, tudo muito profundo e irreconhecível; tão diverso das paredes de pedras geladas e escuras que costumavam conservá-la, guardá-la em sua servidão hipnótica.
Liberta, não sabia o que fazer, presa, já conhecia os descaminhos.
Olhou ao redor para a sua liberdade e não sabia o que possuir, o que ser ou o querer. Já não tinha sonhos; podia fazê-los e não os sabia mais.
Nada em que prender-se.
Girou a cabeça e, com os olhos na direção do firmamento, empalideceu; parecia que aquele imponente azul cairia sobre ela, sobre seus pensamentos. Novos olhos inquisidores a observavam, ou os velhos olhos em um novo mundo.
Diante da culpa que cingia sua alva roupa num rubi luxuriante, havia que decidir. Seus olhos já não eram celestes, cobriam-se dos véus mundanos. Mas ainda assim um rosário torneava-lhe a direita mão.
Desvelo.
Não restavam incertezas, era só uma a escolha.
Olhou para o rio escuro e caudaloso, olhou para a cela na penumbra mortalmente calma.
Era sofrer no eterno ou no interno.
Respirou profundamente, decidiu o seu destino e correu.
Roberta Domingues 13/03/08
quarta-feira, 28 de abril de 2010
Little Tale
Angels like smoke of our cigarretes, religion of counciousness.
In a way, anyway, the meet of our feelings, of our trues, wich was nothing but the fact of our ignorant mistakes.
Well, the light was on in our sights, or just look like. And we bet. We bite in a hungry, in a hurry...
Late to be, to seek an end. Trying to comprehend a bit of existence.
Shame on us, periods of a line.
Reaching not to be what we were. Material of some substance, doesn't matter what.
But the night was the end, dying on the next day with a real Sun melting all the possible ilusions.
Going on as the night, becoming just part of our dreams. Lefting a little light for your cigar above and beside your screams.
RJAD
Angels like smoke of our cigarretes, religion of counciousness.
In a way, anyway, the meet of our feelings, of our trues, wich was nothing but the fact of our ignorant mistakes.
Well, the light was on in our sights, or just look like. And we bet. We bite in a hungry, in a hurry...
Late to be, to seek an end. Trying to comprehend a bit of existence.
Shame on us, periods of a line.
Reaching not to be what we were. Material of some substance, doesn't matter what.
But the night was the end, dying on the next day with a real Sun melting all the possible ilusions.
Going on as the night, becoming just part of our dreams. Lefting a little light for your cigar above and beside your screams.
RJAD
terça-feira, 20 de abril de 2010
O Nada
Depois, o vazio, a profundidade dum espelho d'agua, a intensidade de uma queda livre, mas você não era o chão e ele não estava lá.
Na minha cama estreita só cabem os sonhos doentes, na sua nem sua mente.O caminho de volta dói mais evidente, é porque o sol já aponta meus vícios latentes.
Só queria entender...ou sentir, mas nem filosofia ou qualquer poesia irá responder ou resistir.
RJAD 18/04/10
Sonho que se sonha só
Disseram-me que brincar de ilusão não podia, que era perigoso e mentira sem rosto. Mas insisti, teimei com a palavra e imaginei, e criei imagens trocadas e troquei a ordem do mundo e vi o arrebol no lugar da morte do sol, e vi frescor na tempestade e tempestiei com o vento na relva, deitando com Whitman no leito verde de sonhos.
Delirei, sim, delirei amigos. Já que todos criam matéria oca para assegurar suas realidades, esvaziei minha substância para preencher de sonhos criados sem matéria dura.
RJAD 16/04/10
Delirei, sim, delirei amigos. Já que todos criam matéria oca para assegurar suas realidades, esvaziei minha substância para preencher de sonhos criados sem matéria dura.
RJAD 16/04/10
sábado, 27 de março de 2010
No quarto, pela manhã, abro a gaveta, encontrando um horizonte de máscaras, possíveis, imagináveis, que terei de escolher mal o Sol nasce, e dançar no baile de carnaval da vida que não decidi...
[espaço em branco]
Acho que na vida não dá para gostar das possibilidades. Não por serem ruins, mas eu, por não saber suportá-las, dar-lhes o suporte da escolha.
E, no que penso, contemplo, reflito no tempo, este passa...e a possibilidade que era tão intensa dissolve-se como areia, espalha pelo vento.
RJAD Março
[espaço em branco]
Acho que na vida não dá para gostar das possibilidades. Não por serem ruins, mas eu, por não saber suportá-las, dar-lhes o suporte da escolha.
E, no que penso, contemplo, reflito no tempo, este passa...e a possibilidade que era tão intensa dissolve-se como areia, espalha pelo vento.
RJAD Março
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010
Senti saudade
não foi alma
não foi corpo
sequer silhueta
linha qualquer,
não tinha nome
nem forma
ou peso
mas pesava
doía
sentia
sem sentido
essa falta
de dentro
um vasto imenso.
Se fosse eu
ao mar,
Ah, se fosse!,
saberia
ao longe
de tudo
bem perto
a dimensão
do nada, pois
pensei que o infinito
fosse profundo
mas era só
ponto de fuga
na superfície do horizonte.
RJAD 12/02/10
não foi alma
não foi corpo
sequer silhueta
linha qualquer,
não tinha nome
nem forma
ou peso
mas pesava
doía
sentia
sem sentido
essa falta
de dentro
um vasto imenso.
Se fosse eu
ao mar,
Ah, se fosse!,
saberia
ao longe
de tudo
bem perto
a dimensão
do nada, pois
pensei que o infinito
fosse profundo
mas era só
ponto de fuga
na superfície do horizonte.
RJAD 12/02/10
terça-feira, 2 de fevereiro de 2010
For a Kind of Blue
This poem used to be called "Deus". But now, finding myself wondering and asking why do I made things so sacred when everybody just don't care or just hurt it as it was nothing...I really don't know and, even now, couldn't find an answer. So, I'll still ask why, but now without a name...
Por que?
Esse teu azul não é como o meu?
Por que?
O teu não é como o meu?
Onde segura essa linha
Da tua mão?
Se as janelas de teu firmamento
se abrissem como as que me acolhem...
Segure então bem forte
que, nas asas do meu sonho
buscarei...
Buscarei dentro da larga garganta
Onde grito teu nome,
Que um dia emudeceu,
morreu, acabou,
não voou tão alto
Como voam agora
estes pássaros azuis.
E se ainda existe luz,
procurarei o meu azul
Tão profundo e quieto
Vestindo os demônios
E o teu tão brilhante
que grita e seduz.
E meu ventre
Como um buraco negro,
tem fome, suga.
O vampiro de minhas ânsias.
E, que uma gota não caia
devorando tua essência.
Toda essa gigante fome
Como então todas as palavras
Como-as, e toda a tua força,
Ou medo?
Ou meu medo azul?
Seguro minha voz
Não em sussurro
Então GRITO! no papel
TODA A MINHA FOME!
De uma existência.
Se puder alcançar
Um dia que seja
Essa tua luz
Mas...,
O meu azul
É diferente do teu
O teu esta no firmamento
e o meu veste os demônios.
RJAD a long time ago
This poem used to be called "Deus". But now, finding myself wondering and asking why do I made things so sacred when everybody just don't care or just hurt it as it was nothing...I really don't know and, even now, couldn't find an answer. So, I'll still ask why, but now without a name...
Por que?
Esse teu azul não é como o meu?
Por que?
O teu não é como o meu?
Onde segura essa linha
Da tua mão?
Se as janelas de teu firmamento
se abrissem como as que me acolhem...
Segure então bem forte
que, nas asas do meu sonho
buscarei...
Buscarei dentro da larga garganta
Onde grito teu nome,
Que um dia emudeceu,
morreu, acabou,
não voou tão alto
Como voam agora
estes pássaros azuis.
E se ainda existe luz,
procurarei o meu azul
Tão profundo e quieto
Vestindo os demônios
E o teu tão brilhante
que grita e seduz.
E meu ventre
Como um buraco negro,
tem fome, suga.
O vampiro de minhas ânsias.
E, que uma gota não caia
devorando tua essência.
Toda essa gigante fome
Como então todas as palavras
Como-as, e toda a tua força,
Ou medo?
Ou meu medo azul?
Seguro minha voz
Não em sussurro
Então GRITO! no papel
TODA A MINHA FOME!
De uma existência.
Se puder alcançar
Um dia que seja
Essa tua luz
Mas...,
O meu azul
É diferente do teu
O teu esta no firmamento
e o meu veste os demônios.
RJAD a long time ago
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
Quase um beijo
...e renderia-me
a tudo novamente
bares,
conversas boas,
conversas tolas,
risos e silênciossó para sentir que
no fundo de teus olhos
eu me completo.
Prefiro que não vejapara que não fuja,
prefiro que não ouça
para que não tema
e assim
diria eu adeus
por cem mil vezes
partindo
em pedaços
num até logo
alado
e ter mil
quase beijos
que dessem-me
n'alma
suspiros tão completos
RJAD 24/01/10
quarta-feira, 20 de janeiro de 2010
Desertos Urbanos
Não há mais o mar
em nossas gargantas
esmaeceu o som
alma da canção
simbiose do sim;
Deserto em mim
em nós
nem pedras porosas
nem poderosas rochas
Grãos
finos, pequenos
irrelevantes
grãos de areia
espalhados
no espaço
estéril
seco e surdo
silente
Sussurro temente
morto se faz
traçando em torrente
som oco que apraz
Um gemido
atrás da porta
um grito
um sopro
sibilo
mudo
jaz
só
na multidão.
RJAD
Não há mais o mar
em nossas gargantas
esmaeceu o som
alma da canção
simbiose do sim;
Deserto em mim
em nós
nem pedras porosas
nem poderosas rochas
Grãos
finos, pequenos
irrelevantes
grãos de areia
espalhados
no espaço
estéril
seco e surdo
silente
Sussurro temente
morto se faz
traçando em torrente
som oco que apraz
Um gemido
atrás da porta
um grito
um sopro
sibilo
mudo
jaz
só
na multidão.
RJAD
O boulevard de Montmartre de Paris, Camille Pissarro
terça-feira, 12 de janeiro de 2010
terça-feira, 5 de janeiro de 2010
Casulo
É tempo de recolher-me
Os ventos estão mudando
e minha casca já não me cabe.
Estou em ebulição.
É tempo de reflexão.
Meu inverno sopra novas folhas
os perfumes,com elas, se vão.
Meu sagrado é
um escuro e chuvoso
talvez dia, mas
quem sabe noite.
Silenciando as vozes
sou óvulo novamente
retorno à minha cela,
minha célula
que em resposta
transforma-me
...
Tenho cores agora,
posso sair em busca
dum brilho qualquer,
um brilho vão,
um sonho d'ouro
de um tolo.
No vôo intermitente
de asas que batem
costurando linhas confusas,
traço um enigma,
meu paradigma,
sabor de quem borda.
Risco pontos
entre um jardim e outro;
nos tecidos vivos
palavras desfalecidas
vegetam e esperam,
e esperam, e esperam,
beber das minas,
águas de prata,
fonte in finita.
É tempo de recolher-me
Os ventos estão mudando
e minha casca já não me cabe.
Estou em ebulição.
É tempo de reflexão.
Meu inverno sopra novas folhas
os perfumes,com elas, se vão.
Meu sagrado é
um escuro e chuvoso
talvez dia, mas
quem sabe noite.
Silenciando as vozes
sou óvulo novamente
retorno à minha cela,
minha célula
que em resposta
transforma-me
...
Tenho cores agora,
posso sair em busca
dum brilho qualquer,
um brilho vão,
um sonho d'ouro
de um tolo.
No vôo intermitente
de asas que batem
costurando linhas confusas,
traço um enigma,
meu paradigma,
sabor de quem borda.
Risco pontos
entre um jardim e outro;
nos tecidos vivos
palavras desfalecidas
vegetam e esperam,
e esperam, e esperam,
beber das minas,
águas de prata,
fonte in finita.
sexta-feira, 1 de janeiro de 2010
Começo de Ano
Desenho uma música
Pinto uma poesia
Canto um quadro
Crio sinestesia
Do que nos opõe
Deixe-se aceitar
Do que nos atrai
Deixe-se elevar
E enlevar
ao infinito
Dos dias findos
Em preto e branco
dum ano morto
Faça dormirem
num passado opaco
Novas manhãs
Só nascem em cores
Quando tiverem
dos teus olhos
o brilho
dum sim.
RJAD 01/01/10
Desenho uma música
Pinto uma poesia
Canto um quadro
Crio sinestesia
Do que nos opõe
Deixe-se aceitar
Do que nos atrai
Deixe-se elevar
E enlevar
ao infinito
Dos dias findos
Em preto e branco
dum ano morto
Faça dormirem
num passado opaco
Novas manhãs
Só nascem em cores
Quando tiverem
dos teus olhos
o brilho
dum sim.
RJAD 01/01/10
Assinar:
Postagens (Atom)