Amores e Partidos
Dizem que é difícil dizer adeus.
Mas, para muitos, é mais difícil dizer "olá"!
Por mais que pense, ainda não sei dizer o por quê.
Talvez haja mais medo que vontade, e o medo é uma parede larga e alta,devorando vidas e objetos, calando objeções e beijos, ameaçando uns olhos de sonhos, os quais não se postam a mostrar que são maiores por dentro do que por fora.
E de tanto medo, muita dor, e de tanta dor muita fuga, e de fugir perdeu-se entre as linhas paralelas da parede fria que não é capaz de amar.
RJAD 11/11/11 01h58
quinta-feira, 10 de novembro de 2011
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
terça-feira, 2 de agosto de 2011
segunda-feira, 1 de agosto de 2011
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
No que vislumbrava
um futuro ofuscado
deixei a mim violar
a verdade de vidas
diárias e vozes
vorazes
e minhas antigas
luvas rendadas
enredavam-se
agarravam-se a sua
fuga fragmentada.
Ah verdade vacilante!
que a mim fez violentada
e mesmo a mancha
em minha veste imaculada
pousou no símbolo
de meu mundo
que era nada.
A sólida imagem areada
Traz o senhor dos sonhos
Nessa minha madrugada
A vestal veste-se de vinho
nas veias bacantes
num beijo em brasas,
mostrando não de anjos,
mas de corvos
suas asas.
RJAD 15/12/10
um futuro ofuscado
deixei a mim violar
a verdade de vidas
diárias e vozes
vorazes
e minhas antigas
luvas rendadas
enredavam-se
agarravam-se a sua
fuga fragmentada.
Ah verdade vacilante!
que a mim fez violentada
e mesmo a mancha
em minha veste imaculada
pousou no símbolo
de meu mundo
que era nada.
A sólida imagem areada
Traz o senhor dos sonhos
Nessa minha madrugada
A vestal veste-se de vinho
nas veias bacantes
num beijo em brasas,
mostrando não de anjos,
mas de corvos
suas asas.
RJAD 15/12/10
sexta-feira, 18 de junho de 2010
sexta-feira, 28 de maio de 2010
Guinevere
Agora ela não era mais escrava. Quando as algemas foram tiradas, saiu em disparada sem olhar para trás. Correu. Desvairada e sorridente. Ria um riso alto solto que subia aos céus.
Então, também podia sonhar, tudo aquilo que guardava tão sofregamente no coração.
Gargalhava ensandecida; deixava a torre que a prendia e seguia pela trilha de terra dura e úmida por entre o mato - aquela relva fresca ainda tão verde – e nem sabia para onde o caminho a levaria.
Ao longe.
Tudo podia ser. Quase não restavam mais amarras, que a continham em pulso firme. Ria-se de tudo, da própria Fortuna de outrora, dos olhos sisudos que a controlavam; ria também do medo que tinha do juiz de suas ditas, aquele feroz que a vigiava incessante até quando dormia ou sonhava, acordada, as paixões de uma vida.
Ria largamente da existência que deixava. De conta certa, deu as costas ao passado e sorria convidativa para o novo, esse estranho.
Estranho.
Caminhou mais calmamente numa alegria amena ao pensar nesse desconhecido que acabara de chegar, esse novo algo, quem sabe o que. E continha as linhas da face e a fenda nos lábios. Num som quase mudo, sorria em campo aberto.
E tremeu diante do rio a sua frente e riu um riso nervoso de um mundo novo.
Dilema.
Já não fechava mais os olhos e, estática, amedrontava-se a obsessiva donzela. Tudo diferente, incerto, não-sabido, não-permitido. Vida aberta, mata adentro, rio afora, tudo muito profundo e irreconhecível; tão diverso das paredes de pedras geladas e escuras que costumavam conservá-la, guardá-la em sua servidão hipnótica.
Liberta, não sabia o que fazer, presa, já conhecia os descaminhos.
Olhou ao redor para a sua liberdade e não sabia o que possuir, o que ser ou o querer. Já não tinha sonhos; podia fazê-los e não os sabia mais.
Nada em que prender-se.
Girou a cabeça e, com os olhos na direção do firmamento, empalideceu; parecia que aquele imponente azul cairia sobre ela, sobre seus pensamentos. Novos olhos inquisidores a observavam, ou os velhos olhos em um novo mundo.
Diante da culpa que cingia sua alva roupa num rubi luxuriante, havia que decidir. Seus olhos já não eram celestes, cobriam-se dos véus mundanos. Mas ainda assim um rosário torneava-lhe a direita mão.
Desvelo.
Não restavam incertezas, era só uma a escolha.
Olhou para o rio escuro e caudaloso, olhou para a cela na penumbra mortalmente calma.
Era sofrer no eterno ou no interno.
Respirou profundamente, decidiu o seu destino e correu.
Roberta Domingues 13/03/08
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